Uma cafeteria com gatos. Essa é a proposta da empresária Fabiana Ribeiro. Não, os felinos não são servidos em uma xícara de café, nem ajudam no atendimento: enquanto degustamos uma bebida quentinha, podemos apreciar os bichanos em uma espécie de aquário — sem água e sem peixinhos, para a infelicidade dos felinos.
Já é de se imaginar que a proprietária do Café com Gato, com unidades em Sorocaba e Campinas, ambas no interior de São Paulo, sempre gostou dos animais. “Quando comecei o negócio, tinha só nove”. Hoje, tem 21.
Fabiana é formada em administração. Em 2013, trabalhava como coordenadora de compras em uma multinacional e não estava feliz. Foi quando decidiu mudar de vida. “Tinha uma gatinha já velhinha na empresa, tinha 13 anos, e foi atacada por um bicho. Os funcionários já sabiam que eu era gateira e pediram ajuda para socorrê-la”, conta.
Por uma semana, levou a gatinha para fazer curativo e foi aí que teve certeza desta paixão: ela precisava trabalhar com gatos. Pensou em hotéis, mas foi o conceito de cat café que a encantou. Em 2014, inaugurou seu próprio negócio, em Sorocaba.
Toma um café, passa a mão no gato
O primeiro cat café surgiu na China. Lá, os bichinhos podem circular perto das mesas, por exemplo, o que não rola no empreendimento da brasileira. Aqui, a Vigilância Sanitária não permite misturar a venda de alimentos com os animais no mesmo ambiente.
Quem visita uma cafeteria com gatos espera fazer um carinho nos pets. Para matar a vontade dos clientes, Fabiana promove sorteios a cada três meses. O “Afofa Gatos” leva três pessoas para dentro do aquário em uma visita monitorada pela própria dona, que indica quais gostam de carinho, são mais amigáveis etc. E, claro, não pode voltar para o café depois, mesmo lavando as mãos e removendo o pelo das roupas.
Também por sorteios, há sessões trimestrais de ioga em que os participantes podem relaxar e apreciar as elegantes caminhadas dos bichinhos pela sala.
Esse cuidado é algo pelo qual Fabiana prezou desde o início do negócio. “A gente sabe que tem gente que não vem porque tem nojo de gatos. Quando inauguramos, alguém que não gostou deve ter feito uma denúncia e a visita da Vigilância Sanitária acabou demorando menos que a gente imaginava. Mas, no fim, isso até nos ajudou a conseguir o licença de funcionamento mais cedo, tudo certinho”, relembra Fabiana.
“O gato ainda sofre muito preconceito de que não é carinhoso, é interesseiro. Quando você convive com ele, percebe que não tem nada a ver.”
E não são só os apaixonados por gatos que visitam o café. Pessoas com medo ou traumas encontram no lugar uma maneira de se reconectar com os bichanos. Fabiana, “gateira louca” desde pequena, concorda que o amor por eles é tamanho que acaba inspirando outras pessoas. “Meu pai, que antes não gostava, hoje dorme com quatro. Meu marido se dizia tolerante e hoje fica com os olhos brilhando com nossos gatos”, brinca.
Fonte:www.metrojornal.com.br